Quantas vezes você já se referiu ou ouviu pessoas se referirem a um mesmo desenho de processo como sendo um diagrama de processo ou mapa de processo ou ainda, como um modelo de processo?
Este é um assunto controverso, principalmente para pessoas que estão começando em projetos que envolvem iniciativas de processos de negócio ou iniciando o estudo de BPM.
Dúvida comum que é esclarecida em nosso curso de Modelagem de Processos de Negócio (iPE01). Constatamos que os termos diagrama, mapa e modelo de processos são utilizados, por muitas vezes, de forma errônea, como sinônimos, porém eles na verdade tem diferentes propósitos e aplicações.
Falaremos neste artigo sobre os três níveis de modelagem (diagrama, mapa e modelo), as diferenças em seus desenhos, no nível de detalhamento e utilidade de cada um.
Diagrama, mapa e modelo são três níveis de “representação” de processos.
Estes três níveis de representação de processos diferem-se em níveis de abstração, informação, utilidade, precisão, complexidade, padronização de elementos do fluxo, evolução e amadurecimento do desenho proposto. Fazendo uma analogia com mapa geográfico, podemos dizer que o diagrama de processo demonstra a rota que é realizada em uma visão simplificada, com o trajeto percorrido, evidenciando os principais pontos de referência, o local de origem e destino. O mapa do processo apresenta a rota de forma mais detalhada, com elementos como nome de avenidas, ruas, principais pontos de referências, opções de rotas alternativas, trajeto e tempo estimado para cada rota. O modelo de processo apresenta a rota de forma mais completa e precisa, descrevendo a situação atual do trânsito, rota de transporte público, clima na região da rota, além de fotos das avenidas e ruas. O Diagrama é uma representação inicial do processo. Ele demonstra o fluxo básico focando as principais atividades. Não trata exceções ou falhas no processo. Utilizado para capturas rápidas no processo, por isto não é muito preciso. Ajuda a obter entendimento rápido das principais atividades, representando ideias simples em um contexto alto nível. Esta representação inicial do processo pode significar várias coisas. O diagrama pode representar um macroprocesso organizacional, por exemplo, como também se tratar de apenas um esboço (versão inicial do processo) de uma primeira avaliação. Em um primeiro momento busca-se conhecer os processos identificando as atividades chave. Esta é uma das técnicas mais utilizadas para conhecer os processos organizacionais, conhecida como abordagem top-down, em uma visão de macroprocessos (visão interfuncional) até chegar aos processos operacionais. Em uma primeira versão, o processo muitas vezes não recebe as informações necessárias para partir diretamente para um nível de mapa ou modelo. Fatores como a precisão e nível de detalhamento influenciam a forma como o processo é modelado. A precisão varia de acordo com a profundidade em que se avalia cada aspecto do processo e suas atividades, e aumenta de acordo com o número de pessoas entrevistadas das áreas que fazem parte dos processos. O nível de detalhe define o quanto cada processo, sub-processo, atividades, tarefas, procedimentos, atributo ou aspecto é descrito. O mapa é uma evolução do diagrama, acrescentado de atores, eventos, regras, resultados e um detalhamento do processo. Ampliada para uma visão mais detalhada, o mapa fornece informações de maior precisão do desenho do processo. Neste nível as atividades do processo e seus objetivos estão mais claros. Foram identificadas as responsabilidades atribuídas ao longo do processo. Isto se deve aos métodos de levantamento de informações utilizadas pela equipe envolvida na iniciativa de BPM. Através de pesquisas a equipe obteve um entendimento inicial, e segue para as entrevistas com os envolvidos no processo (donos de processos, clientes, fornecedores, pessoas que trabalham no processo, etc). Esta etapa é de grande importância para identificação das regras, validações, caminhos de exceções, papéis e detalhamento de atividades. Existem diversos métodos para levantamento de informações, como workshops, conferências, observações diretas, etc. Abordaremos este assunto em um próximo post. A escolha do nível de representação de processos dependerá do propósito da modelagem, em muitos casos, o diagrama ou mapa já são suficientes para representar o processo. O modelo é a versão final da evolução do processo. Esta representação traz um alto grau de precisão e detalhamento do processo. Uma grande vantagem é a capacidade de execução do processo através de simulações. Estas simulações geram informações que acercam o desempenho do processo, úteis para analisar/validar a execução do processo. Este nível de execução requer uma descrição detalhada dos atributos do processo, descrevendo propriedades e características das entradas/saídas, procedimentos/passos, recursos, custos, alocação, simulação, parâmetros de duração, etc. Estes atributos podem ser classificados em categorias e sua documentação varia de acordo com o objetivo da modelagem realizada. A partir do modelo é possível executar as próximas etapas do ciclo de gestão por processos, como a análise, redesenho, reengenharia, melhoria continua e medição do processo. Você se interessou pelo assunto? A área de conhecimento de modelagem de processos fornece o entendimento dos propósitos, benefícios, habilidades e técnicas e é muito utilizada pelas organizações para conhecer, documentar e melhorar processos. Este tema é explorado com mais profundidade em nosso curso de Modelagem de Processos de Negócio, onde abordamos de forma mais abrangente o tema: https://www.iprocesseducation.com.br/ipe01.html, oferecido pela iProcess Education.
13 Responses
Olá, sou servidora da Câmara dos Deputados e estou fazendo um trabalho acadêmico sobre gestão de processos. Gostei muito dessa diferenciação que fizeram entre diagrama, mapa e modelo. Vocês poderiam me dizer se essa diferenciação é algo interno, ou seja, vocês entendem melhor definir dessa forma ou se ela encontra respaldo em algum teórico? Se houver algum teórico que fale disso, vocês poderiam me indica o nome? Gostaria muito de citar no meu trabalho. Grata
Olá Naiça, que bom que gostou do artigo e obrigado por nos prestigiar no blog da iProcess.
Em relação a sua dúvida, a fonte da informação é do CBOK, capítulo 3 que fala sobre Modelagem de Processos.
Mais informações sobre CBOK, você pode acessar no site da ABPMP:
https://www.abpmp-br.org/index.php?option=com_content&view=article&id=69&Itemid=150
Olá Fabiano.
Primeiramente parabéns pelo artigo. Está muito bem escrito e didático.
Sou aluno na UNICAMP e estou preparando uma aula sobre BPM.
Nesta aula vou falar um pouco sobre as diferenças entre diagrama, mapa e modelo.
Gostaria de saber se você autorizaria a utilização das figuras deste artigo (diagrama, mapa e modelo) em meus slides.
Caso autorize, eu referenciarei o seu artigo.
Grato.
Olá Luiz, divulgando as devidas fontes, autorizamos sem problemas.
Obrigado!
Ok Fabiano. Obrigado.
Olá!
Excelente material.
No Business Process Model and Notation, v2.0 da OMG, consta a seguinte definição de processo “Um Processo descreve uma seqüência ou fluxo de Atividades em uma organização com o objetivo de realizar o trabalho. Na BPMN, um Processo é representado como um gráfico de Elementos de Fluxo, que são um conjunto de Atividades, Eventos, Gateways e Fluxos de Seqüência que definem a semântica de execução finita”.
Com base no conceito acima, me resta uma dúvida: É errado afirmar que um processo deve conter pelo menos 2 atividades? Ou seja, um processo com apenas um evento de início, uma atividade de sistema e um evento de fim, não pode ser considerado um processo pela BPMN?
Olá Alexandre, vamos ver: um processo composto de um evento de início, mais uma atividade, mais um evento de fim… como isso se difere de apenas uma atividade? Acho que esta é a reflexão!
Entretanto, se além da atividade há um outro elemento de fluxo, como um gateway por exemplo que pode desviar o processo para a tarefa ou diretamente pra o fim de acordo com alguma informação recebida no evento de início (que nesse caso precisaria ser do tipo evento de mensagem) então você já tem um fluxo, portanto se enquadraria no conceito. Portanto não necessariamente precisam ser duas atividades, e sim a existência de um fluxo. Mesmo assim, um processo em que se realiza apenas uma atividade, pouco se difere de apenas uma atividade por si própria.
Olá!
Gostei muito do material e das respostas.. Parabéns!
Olá!
Ótimo artigo! Parabéns pelo trabalho!
Ótimo artigo, também será de muito proveito para um de meus trabalhos acadêmicos. Parabéns!
Olá, muito bom o artigo! Parabéns!
Com relação as fontes das figuras – diagrama, mapa, modelo. Em caso de citação, qual são as devidas fontes? Pretendo usar o Diagrama em meu trabalho acadêmico, como trata-se de uma negócio simples, com apenas um cliente em questão, foi o mais adequado. Gostaria de saber também se há alguma objeção a minha observação…
Aguardo resposta, de já gratidão imensa”
Olá Jessé, desculpe o atraso na resposta.
Você pode citar o blog da iProcess como autor, por favor. Obrigada!
Muito bom seu conteúdo, de grande valor.