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BPMS na nuvem – uma visão geral

Por muito tempo as ferramentas de BPMS só poderiam ser utilizadas após serem instaladas no ambiente da organização. Era necessária então a instalação do software em um servidor, após esta instalação era disponibilizada uma URL para os usuários acessarem o ambiente através de um navegador Web (normalmente para execução e acompanhamento dos processos automatizados). Também era comum a necessidade de instalar algum software no computador dos usuários (normalmente para fins de modelagem e automação). Fornecedores de ferramentas costumam referenciar isto como a versão “on premises” (local) da ferramenta de BPMS.

Assim, mesmo que o objetivo fosse apenas realizar testes rápidos de usabilidade e recursos da ferramenta, existia um caminho tortuoso que precisava ser seguido:

  • Fazer o download da ferramenta, onde os arquivos de instalação em muitos casos eram grandes, exigindo uma boa conexão com a internet e um considerável tempo de download;
  • Disponibilizar um servidor em que a ferramenta pudesse ser instalada e configurada, onde normalmente são exigidas máquinas mais parrudas, com múltiplos processadores e grande quantidade de memória;
  • Realizar o  processo de instalação, que por vezes era desafiador, exigindo pessoas com conhecimento técnico (muitas vezes não existente na organização, então um treinamento ou auto-estudo era necessário), incluindo a disponibilização de um banco de dados existente, que a ferramenta possa utilizar para armazenar as informações.

Depois destes passos é que, finalmente, a ferramenta se encontrava disponível para utilização pelos usuários.

Note que os passos acima se referem apenas a disponibilização de um ambiente de desenvolvimento/testes. A situação fica mais complicada se estivermos falando de instalação em ambiente de produção, em que outros fatores devem ser levados em consideração e onde costuma ser necessário:

  • Mensurar o hardware adequado para suportar a utilização atual (e futura) da ferramenta na organização;
  • Avaliar questões relativas a backup/restore;
  • Avaliar estabelecimento de máquinas em cluster e ambiente de pronta disponibilidade;
  • Avaliar regras de acesso ao ambiente de fora da organização;
  • Definir Regras de segurança, SSL;
  • Avaliar critérios e regras para aplicação de patches e novas versões;
  • Etc.

Parece complicado, não? De fato é. E este cenário ainda é uma realidade em várias ferramentas existentes no mercado.

Mas o que acontece então se a organização não tem os recursos (humanos/tecnológicos/financeiros) para viabilizar a instalação local de uma ferramenta? Significa que a adoção de uma ferramenta de BPMS, na prática, só se aplica a grandes organizações, que dispõe de mais recursos e capacidade de investimento?

A boa notícia é que com a popularização de BPM, um novo tipo de ferramenta está sendo oferecido no mercado, como alternativas ao modelo “local” (on premises) tradicional. Estamos falando aqui de soluções de BPMS na nuvem.

Uma solução de BPMS oferecida na nuvem tem como principais características:

  • Nenhuma instalação local é necessária no ambiente da organização e nos computadores dos usuários;
  • O ambiente de BPMS é disponibilizado pelo fabricante em seus próprios servidores, onde normalmente são oferecidos critérios de alta disponibilidade, segurança, redundância e backup;
  • Todo o acesso à ferramenta é feito via internet através de um browser;
  • A configuração de usuários é normalmente feita dentro da área de administração da ferramenta. Dependendo da ferramenta, existem possibilidades de integração com repositórios de usuários da organização;

Mas quais seriam os benefícios que podemos ter com a adoção de uma solução em nuvem? Vejamos alguns dos principais:

  •  Baixo investimento inicial para adquirir a solução, visto que não é necessário disponibilizar uma infraestrutura interna para instalação e manutenção da solução, bem como não existe um produto a ser “comprado” (o que existe é um modelo de subscrição);
  • Patches de correção e melhorias da ferramenta são garantidas e executadas automaticamente pelo fornecedor, enquanto durar o licenciamento;
  • O licenciamento costuma ser por usuário, o que pode ser bastante interessante e gerar economia, dependendo da quantidade de usuários que irão utilizar a ferramenta;
  • Camadas mais claramente separadas da lógica do negócio e dos sistemas de informação, visto que em se tratando de ferramenta disponibilizada em ambiente web, normalmente temos uma solução mais amigável e menos técnica. Isto incentiva um maior envolvimento da área de negócio em todo o ciclo de modelagem e implementação de processos. Podendo chegar, inclusive, na  possibilidade das próprias áreas modelarem e automatizarem processos (veja aqui o post em que discutimos esta questão);
  • Projetos de implementação evolutivos, em que um processo pode ser rapidamente colocado para ser executado, permitindo que ao longo do tempo novas melhorias e integrações sejam disponibilizados;
  • O conceito “Quick wins” (ganhos rápidos) são potencializados na utilização de uma solução em nuvem: como não existe a preocupação com disponibilização e manutenção de infraestrutura, pode-se partir diretamente para os projetos, gerando resultados mais rapidamente.

Parece bom, não? Mas, como nem tudo são flores, achamos importante destacar também algumas das possíveis limitações deste formato:

  •  Com a solução em nuvem, existe a perda de controle em relação ao ambiente e aos dados  informados, podendo levar a questões relacionadas à auditoria e à segurança das informações, e onde os dados serão armazenados. Dependendo das políticas adotadas pela organização, isso pode até inviabilizar a contratação da solução;
  • Normalmente não existe acesso direto aos servidores da solução, então a capacidade de visualizar os logs pode ser limitada, o que leva a mais dificuldades para avaliar e solucionar problemas na execução dos processos, em relação a uma solução instalada localmente;
  • A aplicação automática de patches e evoluções pelo fornecedor pode eventualmente gerar problemas de compatibilidade em processos/projetos existentes;
  • Dependendo da quantidade de usuários que forem utilizar a solução, o licenciamento por usuário poderá elevar o valor da contratação, podendo inclusive a chegar a valores similares a contratação tradicional (on premises);
  • Nos casos das ferramentas de BPMS que também oferecem a versão on premises, a versão em nuvem costuma ser menos robusta e com menos recursos disponíveis (ao menos neste momento). As capacidades de integração dos processos com sistemas existentes também costumam ser mais restritas (normalmente se encontra disponível integração via webservices);
  • Como estamos falando do conceito de subscrição, não existe a opção de ser “dono” da solução e poder assumir totalmente a ferramenta no futuro, algo que pode ser importante para algumas organizações.

Dados os prós e os contras, será que devo adotar uma solução em nuvem? Não existe uma resposta definitiva sobre isto. No final das contas cabe a cada organização fazer uma auto avaliação, pesar os pontos positivos e negativos, e avaliar que tipo de solução atende mais as suas necessidades, seja uma solução em nuvem ou local.

O que podemos afirmar é que a disponibilização de solução de BPMS em nuvem é um caminho sem volta. Grande parte dos fabricantes já oferece ou está procurando oferecer a sua versão da solução em nuvem, justamente pelo apelo e facilidade de utilização.

A tendência é de uma evolução e uma maturidade cada vez maiores das soluções de BPMS ofertadas na nuvem, oferecendo mais opções de escolha para as organizações, e por fim permitindo a um universo maior de organizações poderem desfrutar dos benefícios de BPM!

2 Responses

  1. Tenho uma dúvida quanto ao conteúdo do site …
    Percebo que muitas vezes se fala em mapeamento de processos, e outras vezes em Modelagem de processos.
    Vcs tratam essas duas coisas como sendo a mesma , e caso contrario qual a diferença para vcs?
    O site é muito bom, parabéns!

    1. Olá Alexandre,
      Que bom que está curtindo o conteúdo do nosso blog, nos empenhamos em compartilhar nosso conhecimento e experiência de forma acessível a todos os profissionais.
      Embora em alguns aspectos a gente acabe em algumas situações adotando como sinônimos, formalmente existe diferença sim entre mapear (criar um mapa) e modelar (criar um modelo).
      O mapeamento consiste mais em identificar o processo e incorporá-lo ao mapa (arquitetura) de processos da organização. O estabelecimento de um diagrama que mapeia a sequência das atividades, identificando responsáveis e regras relacionadas também pode ser atrelado a esse termo.
      Já a modelagem via estabelecer uma representação mais completa do processo, indo num nível de profundidade da informação que vai além da representação visual. O modelo tem um conjunto de informações complementar, como uma documentação dos procedimentos, normas, regras, lógica para identificar os responsáveis, lógica para determinar os caminhos do fluxo, etc. Informações como tempo mínimo, médio, máximo de uma tarefa, duração do processo, custos, etc também estão atrelados ao modelo.

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