Conforme exploramos em um webinar recente sobre CoE RPA, o investimento em robotização comumente inicia com uma experimentação, onde a organização desenvolve e experimenta o primeiro robô.
Como os resultados com ganhos de tempo e liberação de força de trabalho humana em atividades repetitivas são imediatamente percebidas e mensuráveis, o primeiro robô costuma ser a porta de entrada para o crescimento da iniciativa.
Em pouco tempo a iniciativa de robotização tende a se expandir para outras atividades e áreas. Nestes projetos iniciais, começamos a identificar características que devem se transformar em políticas e padrões internos, como os métodos de avaliar se uma tarefa é realmente robotizável, que tecnologias serão usadas, quanto trabalho leva para fazer, como formalizar o entendimento do trabalho do robô, as ações de monitoramento e o gerenciamento de riscos operacionais.
Assim, nos primeiros projetos, entendemos como a iniciativa se encaixa dentro da cultura e visão de aplicação desta tecnologia na organização e uma estrutura mínima de governança começa a ser estabelecida.
Este passo é bem importante para que a equipe envolvida comece a estruturar um centro de governança (ou Centro de Excelência – CoE) antes que o RPA se popularize demais e a organização perca controle sobre seus robôs, expondo a atividade do negócio a sérios riscos operacionais.
O CoE (Center of Excellence) é a estrutura organizacional responsável por realizar a gestão e governança da adoção do trabalhador digital dentro da organização, definindo e garantindo a execução dos processos de:
- Descobrir e priorizar novas demandas;
- Implementar tarefas robotizadas;
- Monitorar a execução do trabalho robotizado;
- Sustentar a operação robótica.
Se o modelo de gestão do CoE RPA será uma estrutura centralizada ou decentralizada na organização, depende de diversos fatores. Os principais são: a maturidade da organização com tecnologias de robotização e de transformação digital, a cultura organizacional, a visão de futuro e os planos de sustentação. Em alguns casos, a distribuição física de matriz/unidades também pode influenciar nesta decisão.
Vamos discutir três modelos, seus benefícios e pontos de atenção.
CoE RPA Distribuído
O modelo de CoE distribuído/descentralizado tem seus recursos distribuídos nas unidades de negócio da organização.
Os processos de descobrir e priorizar novas demandas, implementar tarefas robotizadas, monitorar e sustentar são executadas pelas unidades de negócios separadamente.
Prós:
- Aumenta a capacidade de executar projetos de automação, já que cada área poderá estabelecer suas prioridades e avançar com seus projetos.
- Possibilita às equipes criar soluções personalizadas com a proximidade com a operação do negócio.
- O gerenciamento dos custos é simplificado, já que custos e recursos robóticos são específicos de cada unidade.
Cons:
- Requer capacitar mais pessoas para se atuar nos diferentes papeis dos projetos de robotização.
- O conhecimento e experiência obtidos pelos projetos de cada equipe acabam ficando muito concentrados.
- Requer um esforço maior na garantia da aplicação dos padrões organizacionais
- Tende a obter níveis de maturidade diferentes entre os times.
- Há uma menor otimização de recursos robóticos, uma vez que um time pode ter tarefas demais a automatizar mas precisa restringir aos robôs disponíveis para seu time enquanto outra área não evoluiu muito na robotização e tem recursos subutilizados.
CoE RPA Centralizado
O modelo de CoE centralizado reúne todos os recursos para conduzir a automação RPA para a organização em um time integrado.
Os processos de descobrir e priorizar novas demandas, implementar tarefas robotizadas, monitorar e sustentar são executadas por uma equipe dedicada e especializada.
Prós:
- A centralização de expertise permite que o time aprenda e desenvolva novas habilidades a partir das experiências dos diversos projetos.
- Potencializa o ganho de escalabilidade na utilização da força de trabalho robótica.
- Otimiza de recursos técnicos nos diferentes projetos de robotização.
- Otimiza de recursos robóticos, possibilitando que um robô possa ter sua agenda de trabalho ocupada com atividades de diferentes unidades de negócio.
- Possibilita maior gestão e padronização dos processos.
- Possibilita melhor garantia da aplicação dos processos.
- Uso de plataforma compartilhada.
Cons:
- A expansão da iniciativa de processos pode ser mais lenta uma vez que o time está concentrado em um conjunto limitado de projetos de automação.
- As unidades precisam concorrer pela priorização de seus projetos (como comumente acontece hoje com projetos de TI).
- Os projetos tendem a apresentar maior esforço para alocação de recursos de negócio.
CoE RPA Híbrido
No espectro entre a gestão da força de trabalho digital centralizada ou distribuída, podem haver tons intermediários que combinam aspectos dos dois modelos para melhor atender às necessidades e características da organização.
Estas definições podem influenciar a definição de papéis, processos e recursos.
Alguns exemplos:
- COE Centralizado reúne periodicamente aprendizados para evoluir processos
mas ciclo de vida da robotização é aplicada de forma distribuída nas unidades de negócio. - Processo de descoberta e análise da demanda é realizado pelas unidades, com implementação pelo CoE centralizado.
- Processo de implementação pelo CoE centralizado mas monitoramento e
sustentação providos pela unidade de negócio.
A decisão sobre o modelo de gestão, o estabelecimento de processos, papéis e recursos é uma importante reflexão que precisa estar no roadmap da organização que inicia sua jornada na adoção da força de trabalho digital e precisa ser iniciada tão logo as primeiras experiências de robotização comecem a acontecer.
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2 Responses
Ola Kelly,
Tem uma informação errada no blog.
Eu fiz treinamento recentemente com vocês e estava olhando o material sobre
CoE nesta página.
“CoE RPA Centralizado
O modelo de CoE centralizado reúne todos os recursos para conduzir a automação RPA para a organização em um time integrado.
Os processos de descobrir e priorizar novas demandas, implementar tarefas robotizadas, monitorar e sustentar são executadas pelas unidades de negócios separadamente.”
O segundo paragrafo está com divergência com o método centralizado.
Olá Renato, realmente estava com o conceito invertido. Já ajustei, muito obrigada pelo alerta!