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Um guia para iniciar estudos em BPMN (I): Atividades e sequência

BPMN (Business Process Model and Notation) é uma notação gráfica que tem por objetivo prover uma gramática de símbolos para mapear, de maneira padrão, todos os processos de negócio de uma organização.

Desde sua disponibilização formal em 2004, BPMN tem sido amplamente utilizada em organizações do mundo inteiro. Atualmente há uma grande oferta de ferramentas de mapeamento de processos(gratuitas e licenciadas) que oferecem suporte à notação. Devido à sua grande aceitação, BPMN está ajudando a disseminar conceitos relacionados a processos de negócio e é considerada hoje uma característica chave de qualquer iniciativa BPM.

Dedicaremos os artigos semanais de novembro e dezembro para contribuir com o estudo progressivo dos elementos dede BPMN que compõem o nível 1 desta notação, utilizados para mapear processos em nível descritivo.

Representando Processos com BPMN

Em BPMN, um processo de negócio é representado através do encadeamento de eventos e atividades, ligados através de conectores que demonstram a sequência em que os mesmos são realizados. Além de eventos e atividades, outros elementos de controle de fluxo podem ser utilizados na modelagem para permitir a criação ou unificação de fluxos paralelos que ocorram no decorrer de um mesmo processo de negócio.

Processo de Compra de Refrigerante
Exemplo de um processo mapeado utilizando BPMN

O grande potencial de BPMN para representação de processos está no fato de que ela propõe um conjunto simplificado de elementos (atividades, eventos, gateways, conectores e swimlanes), mas que podem ser derivados para atender situações específicas de negócio, de forma que a documentação de um processo em nível de negócio possa adquirir profundidade técnica à medida que é preparado para a implementação.

Nota: A especificação BPMN está documentada em inglês e não existe uma
tradução oficial para o português. A tradução neste e nos próximos
artigos é livre por parte dos autores, e pode ser diferente entre
bibliografias ou ferramentas que adotem esta notação.
Para mais informações sobre a documentação oficial e completa
consulte https://www.omg.org/bpmn.

Atividades (Activities)

Atividades representam um trabalho realizado em uma etapa do processo de negócio.

As atividades podem ser de dois tipos:

  • Tarefa (task)
  • Sub-processo (subprocess)

 

Tarefa (Task)

A tarefa é a atividade de trabalho atômica. Ela representa uma ação no processo que pode ser executada por uma pessoa ou um sistema.

Visualmente é representada como um retângulo com bordas arredondadas, contendo sua descrição dentro da área da caixa.

Exemplos de atividades que podem ser representadas através de tarefas são:

  • Avaliar documentos
  • Calcular impostos
  • Elaborar parecer técnico
  • Elaborar proposta comercial
  • Cadastrar operação

BPMN sugere alguns símbolos que podem ser adicionados à tarefa para representar visualmente sua utilização:

Assim é possível distinguir visualmente que uma atividade é realizada por um usuário através do sistema se for simbolizada por uma Tarefa de usuário, enquanto uma tarefa que pode ser executada automaticamente pelo sistema pode ser sinalizada como Tarefa automática.

Uma tarefa executada por uma pessoa (usuário) e uma tarefa executada automaticamente (serviço)

 

Conector de Sequência de fluxo (Sequence flow)

O principal objetivo no mapeamento de um processo com BPMN é representar a sequência em que as atividades acontecem desde o seu início até a sua conclusão. Em BPMN Method & Style (2ed), Bruce Silver esclarece que o propósito de BPMN é representar a lógica do processo. A lógica do processo é visualmente demonstrada através do fluxo criado pelos conectores de sequência.

No exemplo acima, o conector de sequência torna explícito que há uma sequência a ser realizada entre as atividades. A atividade “Digitalizar documento” só poderá ser realizada após a atividade “Receber documento” ser concluída. Da mesma forma, a atividade de “Arquivar documento” só poderá ser iniciada após o término da tarefa “Digitalizar documento”.

O conector de fluxo de sequência é representado através de uma linha sólida com uma seta preenchida apontando para o destino (o próximo elemento do fluxo). Em um processo de negócio, todos os elementos de fluxo precisam estar conectados uns aos outros através de um conector de sequência conforme a ordem em que devem ser realizados.

É importante entender que, na interpretação de um processo BPMN, o conector de sequência implica que existe uma dependência entre as atividades conectadas, do tipo fim-início. Ou seja, a conexão significa que após a conclusão da atividade, a próxima atividade poderá ser iniciada.

Em nosso próximo artigo:
um estudo sobre os gateways – elementos que possibilitam criar controles de fluxos alternativos e paralelos nos processos.


Confira todos os artigos deste guia de BPMN Nível 1:



 

27 Responses

  1. Gostei muito do artigo. Gostaria de saber se há alguém que faça a certificação em BPM em Brasília.
    Obrigada.

  2. Olá, achei o artigo útil, entretanto qual o programa vocês utilizaram para montar esses fluxogramas que exemplificam o texto? Porque sempre textos explicando muito bem, mas como colocar em prática, digo, qual o programa é bom, qual vocês utilizam, quais recomendam para que possamos colocar o BPMN em prática?
    Grato.

    1. Olá Dener, agradecemos sua visita ao nosso blog!
      Existem diversas ferramentas que implementam a notação BPMN, algumas com mais, outras com menos aderência.
      Para a criação de diagramas, as mais conhecidas são:
      Gratuitas:
      – Bizagi Process Modeler (https://www.bizagi.com/en/bpm-suite/bpm-products/modeler)
      – Aris Express (https://www.ariscommunity.com/aris-express/download)
      – Yaoqiang (https://sourceforge.net/projects/bpmn/)

      Licenciadas:
      – Visio (apenas a partir da versão 2010 premium)
      – Enterprise Architect

      Além destes, há um grande número de ferramentas de Análise de Processos (BPA) e Suítes de Gerenciamento de Processos (BPMS) que também modelam o processos com essa notação. Geralmente são pagas e caras. Todas são boas, o que deve guiar a escolha são os objetivos da modelagem e as expectativas da empresa sobre como esses modelos serão usados. Serão publicados para consulta? Serão usados para se entender o processo e analisar seus problemas? Serão automatizados para serem executados através de sistemas e alimentar indicadores? Cada uma dessas perguntas leva à escolha de um tipo de solução diferente.

      Você já conhece nossos cursos? Neles utilizamos algumas dessas ferramentas em aula para atividades práticas, além de discutir outras questões importantes sobre a gestão por processos. Visite nosso site para mais informações.
      http://www.iprocesseducation.com.br

  3. Bom dia,
    Excelente post ! Está sendo de muita vália para mim que já atuo em processos já faz algum tempo mas, especificamente, em BPMN iniciando !

    Muito obrigado por oferecer nos de forma didática e simples os conceitos para aplicabilidade do BPMN !

    Por favor gostaria de algumas informações:

    1. tenho interesse de fazer cursos para especialização e poder qualificar me para certificação. Voces disponibilizam cursos ? O link do titulo “Nossos treinamentos” está “quebrado (error 404)”.

    2. Poderia informar uma boa ferramenta “open source” de modelagem, mapeamento e confecção de BPM.

    Agradeço desde já pela ajuda !

    Atte.,

    joao ismael

    1. Olá João Ismael!
      Ficamos muito felizes com seu feedback, nos empenhamos muito em compartilhar nossas experiências e nosso conhecimento com a comunidade de BPM de forma colaborativa.
      Obrigada por informar sobre o problema no link de treinamentos. Vou providenciar a correção, mas você pode acessar nossa programação de cursos em: http://www.iprocesseducation.com.br.

      Sobre ferramentas de modelagem BPMN, sugiro conferir este artigo sobre 7 Ferramentas Gratuitas para Criar Diagramas de Processos com BPMN. Nem todas são open source, mas todas as que constam no artigo são de uso gratuito.

  4. Tenho uma dúvida quanto à sequencia de atividades. Quando eu tenho uma comunicação realizada entre atividades em pools diferentes, onde eu espero a resposta de uma pool para realizar outra atividade, por exemplo:

    Pool 1: Atividades: Enviar consulta e Receber resposta da consulta
    Pool 2: Atividades: Receber solicitação da consulta e Enviar resposta da consulta

    Eu teria um fluxo de sequencia entre as atividades Enviar consulta e Receber resposta da consulta??? ou apenas esperaria a resposta da pool 2 para continuar?

    Já vi dos dois tipos na internet e não sei qual é a forma correta.

    1. Oi Wandrieli, cada processo em cada pool tem que estar íntegro e completamente conectado do início ao fim, ou seja: se você ocultar o processo da pool 2 do seu diagrama, deixando apenas o da pool 1, ele precisa fazer sentido. Assim, mesmo quando você usa eventos de mensagem para a comunicação entre processos, depois do acionamento do evento que envia a mensagem, é preciso representar no fluxo desse processo qual é a próxima atividade desta sequência. Isso porque em alguns casos pode ser que receber a resposta seja o próximo elemento, mas nem sempre é assim. Poderia por exemplo haver uma sequência de tarefas acontecendo até que se receba a resposta, ou mesmo nem haja uma resposta para receber.
      Alem disso, o fluxo de mensagem, que conecta elementos em pools diferentes, não tem semântica para demonstrar ordem entre as atividades. Ele tem a função única de demonstrar, apenas, quem é o remetente e quem é o destinatário daquela comunicação. Isso não implica necessariamente em uma ordem de atividades. Quem determina ordem de precedência entre atividades é sempre o fluxo de sequência. Portanto, procure garantir que todos os elementos da pool estão interconectados por fluxo de sequência :)

    1. Olá André,
      O que você pede não é uma característica da notação BPMN, mas das plataformas de software do tipo BPMS (Suítes BPM). Este tipo de recurso é bem peculiar e varia bastante de produto a produto e também do tipo de banco de dados, portanto requer uma avaliação individual de cada solução. O problema é que existem no mercado internacional mais de uma centena deste tipo de plataforma, e no Brasil ao menos 30 soluções presentes em empresas brasileiras. É mais fácil fechar o leque de produtos a avaliar com outras características de mais fácil identificação e entre elas verificar quais possuem o tipo de conector que você busca.

    1. Olá Liane, não há restrições para isso na notação, é possível sim ter duas ou mais entradas em um mesmo elemento do tipo tarefa.
      Entretanto, para deixar claro se as duas entradas chegam em paralelo ou é apenas uma delas que iniciará a atividade, pode ser interessante conectá-las a um gateway antes.

  5. Bom dia! Poderia me dizer qual a diferença do tipo de tarefa “receber tarefa” ou “envio de tarefa”, para o evento intermediário “mensagem”?
    Poderia usar qualquer um deles para a mesma função?
    Muito obrigado!

  6. Olá! Parabéns por este artigo e por todos outros que vcs publicam!

    Tenho uma dúvida a respeito do efeito de um conector de sequência sobre sua atividade de destino, gostaria de saber se representativamente quando o conector transmite o token à atividade significa que esta será imediatamente executada, ou se apenas estará aguardando a execução.

    Pegando o exemplo de diagrama sequencial, entendi que a realização da atividade “Digitalizar documento” depende da conclusão da atividade “Receber documento”, mas usar apenas o conector de sequência é o suficiente para casos onde não haja garantia de sincronismo entre o término da primeira e o início da segunda atividade, ou nestes casos eu devo representar com mais elementos, e como ficaria?

    1. (…) quando o conector transmite o token à atividade significa que esta será imediatamente executada, ou se apenas estará aguardando a execução.
      A interpretação que se faz na notação é que quando o elemento de fluxo anterior concluiu sua execução (seja uma atividade, evento ou gateway) imediatamente o processo segue para o passo seguinte. Se este for uma atividade, pode depender das suas características, mas em geral a interpretação é de que a atividade “pode ser iniciada”. Neste momento começa a contagem do prazo para que a tarefa seja executada, pois ela está disponível para execução.
      Tarefas de serviço ou script são executadas imediatamente.
      Tarefas de usuário ou manuais ficarão disponíveis para o responsável mas aguardarão a disponibilidade do recurso (pessoa ou robô) para que que o mesmo execute o trabalho para que ela seja finalizada.

  7. Olá,
    Tenho uma dúvida quanto ao utilizar o “Grupo”, pois tenho 3 tarefas que faz parte de um grupo e desse grupo gero uma saída, como colocar isso no processo?

    1. Pode sim!
      Neste caso, do ponto de vista lógico do processo não fará diferença porque todos os gateways que separam os fluxos são exclusivos, portanto apenas um desses conectores será o caminho para chegar no fim a cada processo executado.
      Nos casos de haver gateways paralelos ou inclusivos, em que mais de um caminho pode ser ativado, seria bastante interessante colocar um gateway antes do fim sim, esclarecendo que lógica será aplicada aos caminhos para que então o processo possa ser considerado finalizado.

    1. Olá Júlia! Um token é um objeto conceitual abstrato em BPMN, que representa, em um dado processo em execução, onde ele se encontra. Imagine que exista uma “bolinha” que vai passando pelo processo à medida que ele avança. Quando um processo é iniciado, ele surge, a cada atividade que é completada o processo avança, quando chega a um gateway ele marca qual caminho foi seguido (ou até mesmo pode se dividir em dois ou três se o processo tiver caminhos em paralelos) e assim ele vai seguindo até que o processo termina, então ela é extinta.
      No artigo Diferenças entre os gateways de BPMN (com animações!) você pode ver os “tokens” sendo criados para demonstrar como seria a execução dos processos em diferentes lógicas de uso dos gateways.

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